Regresso ao véu islâmico em França e ao peso da religião entre os políticos nos Estados Unidos, assunto de «post» há uns dias atrás. Sobre o primeiro ponto, nada melhor do que ler uma interessante análise de Teresa de Sousa no Público de hoje. Continuo a achar que numa democracia liberal, o Estado tanto tem a ver com o uso do véu islâmico na cabeça como com o crucifixo católico ao peito. A exibição de sinais religiosos no espaço público tem a ver com cada um. Teresa e Sousa argumenta com a eventual imposição do véu a algumas mulheres muçulmanas e na imagem de subalternização que tal significa; também haverá famílias francesas, não islâmicas, que impõem às filhas regras menos visíveis do que meras peças de roupa, subalternizando-as enquanto mulheres, e o Estado não se incomoda com nisso.
Quanto aos Estados Unidos, o Nuno Guerreiro, autor do blogue Rua da Judiaria, chamou-me a atenção para um aspecto importante: os políticos usam a religião de forma demagógica para conseguirem votos nos EUA, mas o Estado é absolutamente secular. Bush pode pedir a Deus para abençoar a América, mas não diz a que Deus apela. In God They Trust, seja em que Deus for. E cada um pode dedicar-se às crenças mais inacreditáveis que ninguém tem nada a ver com isso, desde que não prejudique a liberdade de outros. De qualquer modo, Nuno, não podes deixar de concordar que há uma mãozinha de Deus em alguns assuntos públicos dessa América profunda, como leis estaduais que regulam a vida sexual ou escolas que recusam ensinar o darwinismo... Ou já não é assim, nessa grande terra que adoptaste para viver?
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