Numa sociedade tão avançada como a norte-americana, a religião tem um papel fundamental na eleição para a Casa Branca, explica hoje um artigo de Pedro Ribeiro no "Público".
"Se Dean for o candidato democrata, os republicanos vão sem dúvida tentar pintá-lo como um indivíduo secular que só começou a falar de religião com fins eleitoralistas", diz Amy Sullivan [uma especialista]. "Mas os democratas podem fazer o mesmo a George W. Bush; muitos não acreditam que [o Presidente] seja sinceramente religioso, acham que ele usa [Deus] como uma arma política", refere o artigo.
Na Europa, que passou por um processo de secularização que a América não conheceu, esta discussão seria estéril: Deus nada tem a ver com os assuntos de Estado. Só perante algumas franjas do eleitorado é que faria sentido meter o divino ao barulho e o divino só tem preponderância em algumas questões morais (como o aborto). A crença e a prática religiosa dizem respeito a cada um.
Mas há contradições: se as notas de dólar têm escrito "In God We Trust" - o que parece fazer-nos recuar ao século XVIII -, em França as jovens muçulmanas são impedidas de ir às aulas com a cabeça coberta, o que não seria um problema se os lenços estivessem na moda. É este o paradoxo: o peso da religião na América é excessivo, mas cada um pode exercer um credo com total liberdade; em França a religião ocupa o lugar que deve (os presidentes não são eleitos por irem à missa), mas os indivíduos podem estar impedidos de ocupar o lugar que devem na religião.
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