20 janeiro 2004

A biblioteca geométrica (Primeira resposta ao Vítor)

Sempre gostei de bibliotecas e das estantes dos outros. Talvez por isso a minha vida cresça sempre mais do que a minha estante. Compro poucos livros. Requisito-os nas bibliotecas, depois de percorrer as longas filas de corredores, ganhando torcicolos, insultando a inexistência de um critério universal para o sentido dos títulos nas lombadas. Visito os amigos, as estantes deles, e levo um livro ou dois emprestado, que devolvo sempre em bom estado de conservação. E por isso a minha vida de progressão geométrica não me cabe em casa. Anda espalhada pela cidade, na casa do Armando, na do Vítor, na de amigos que foram tropeçando pelo caminho, na biblioteca da escola preparatória (o Salgari), na da universidade. Grande parte dela perdida para sempre. Talvez a geometria me pudesse fornecer uma fórmula para encontrar esses pontos dispersos pelo espaço, talvez eu goste de andar disperso.

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