14 abril 2004

Talvez seja isto o progresso. Tenho notado, nos últimos anos, que em Salto, uma vila de Trás-os-Montes, o número de jornais disponíveis está a aumentar em proporção inversa ao número de vacas que passam junto à minha porta. Há três ou quatro anos, só se conseguia arranjar o Jornal de Notícias, se encomendado de véspera, e as manadas de vacas barrosãs passavam pontualmente duas vezes ao dia. No ano passado, abriu uma papelaria onde se podia comprar, sem aviso prévio, o Diário de Notícias e o Público, mas as vacas começaram a atrasar-se ou a saltar refeições. Fui este ano, pela primeira vez, passar lá a Páscoa (a minha avó fez 90 anos a 9 de Abril, Sexta-Feira Santa). Na porta da papelaria podia ver-se à distância o característico saco do Expresso, mas nem uma vaca passou junto à minha porta nos três dias que lá passei. Um conservador ficaria provavelmente perturbado por uma mudança tão rápida nos costumes e nas paisagens rurais (mas, por outro lado, um conservador gosta de ler o seu Expresso ao Sábado). Eu, limitei-me a comprar o jornal, a comer ao jantar bifes de vitela e a pensar nisso só o suficiente para escrever este texto.

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