A actual e previsível situação no Iraque, para a qual tantos analistas avisaram vezes sem conta nos comentários antes da tomada de Bagdad, transporta consigo uma estranha pergunta: partindo do princípio que os membros da administração Bush não são completamente tontos, embora o pareçam, como é possível - com tantas informações à disposição -, que os falcões não tenham previsto a inevitabilidade do caos e da desordem entre a população xiita, sunita, ou curda? Assim, considerando que sabiam o atoleiro que os esperava, o que os motivou a desencadear uma guerra apenas positiva para empresas como a Halliburton e a Bechtel, no domínio da reconstrução, e para os empórios do armamento no domínio da Defesa?
Não creio que a decisão de fazer a guerra se baseasse apenas em 'wishful thinkings' embalados no messianismo democrático predestinado a dar a vitória aos 'bons', como nos filmes: votaram, e viveram felizes para sempre. O mundo é mais complicado do que isso, e os conservadores deviam ser os primeiros a sabê-lo.
Sem resposta a estas perguntas, resta uma certeza e uma suposição: é de supor que os eleitores norte-americanos vão sancionar Bush por ter criado um problema para o qual agora não tem solução; e é certo, ganhe Bush ou Kerry, que uma retirada precipitada do Iraque teria consequências muito mais nefastas do que teve a própria invasão. Este mundo não é mesmo o melhor dos mundos possíveis...
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