Devemos à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta deste mundo. Por Vítor Matos e Tiago Araújo
23 abril 2004
Sobre o optimismo antropológico do Tiago
O ser humano não é apenas uma massa biológica modável pela educação: esse foi um personagem de Rosseau. Com o desenvolvimento da genética e da neurologia, temos cada vez mais consciência de como somos determinados biologicamente. Em todas as raças, em todas as culturas e em todos os tempos, um homem foi sempre um homem: angústias, temores, alegrias, traições, bens e males, luta pelo poder, pela sobrevivência, pelo sexo. Se em geral evoluímos, foi porque melhorámos a sociedade através das ideias: a vida nas democracias, em geral, fez-nos em geral melhores pessoas, mas as leis e as regras servem exactamente para travar a nossa natureza (ia dizer maligna, mas seria ir longe demais) imperfeita. Não sou tão crente nessa evolução que defines como positiva: não creio que cada pessoa seja melhor do que cada pessoa que viveu há 200 ou 500 anos. A crueldade permanece bem vincada no mundo: por mais que a sociedade evolua, não transformará o homem. Todos os projectos de homem novo falharam e nem o melhor dos sistemas erradicará os males do universo. Acredito que podemos melhorar colectivamente, através de organizações mais justas, mas seremos sempre iguais a nós mesmos. Daí o meu pessimismo antropológico estar aliado a um certo optimismo sociológico moderado. Utopia a pensar nas organizações, porque a razão pode criar sistemas perfeitos, realismo a pensar na massa humana, porque o interesse da espécie reside na sua imperfeição.
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