Devemos à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta deste mundo. Por Vítor Matos e Tiago Araújo
27 abril 2004
O Clube Schopenhauer
Fui hoje a mais uma reunião do Clube Schopenhauer, na sala de espera do Centro de Saúde de Alcântara. Só queria uma receita de medicamentos para a alergia, mas tive de assistir primeiro ao encontro. É uma reunião clandestina e espontânea entre desconhecidos. As pessoas vão entrando e, enquanto esperam pela voz do médico, iniciam diálogos e monólogos pessimistas e niilistas. Sobre a velhice, a doença, a passagem do tempo, os filhos ingratos e as filhas mal casadas. Leio o livro que trouxe para a espera (A Viagem Vertical de Enrique Vila-Matas), fingindo não ouvir nada. É sobre um homem que, no fim da vida, inicia uma viagem forçada que o leva a questionar a existência. A minha médica (Luísa de Jesus, a mais atenciosa que já tive) anuncia o meu nome e, quando entro no consultório, o meu mal já não é físico mas metafísico. Ao sair, dói-me mais o universo que a cabeça.
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