23 outubro 2004

Se a vida nos vive, ou "Antes do Anoitecer"

Sim, Antes do Anoitecer é um belo filme no sentido da palavra que significa beleza. Acabámos de chegar do cinema e isto ainda está quente. Não falo da natural perfeição dos diálogos porque o Tiago a descreveu da melhor maneira uns posts atrás. Mas dos caminhos da vida: um desencontro pode mudar-nos as vidas para sempre, ou um encontro pode fazê-las diferentes o resto do tempo. O que o filme trata de forma fina é isso mesmo, os elos que se não ligaram e os que se fecharam dadas as contingências da vida. Tudo o que é acidental é demasiado importante para ser considerado um acaso. Não acredito no destino. Creio no aproveitamento das oportunidades. É sobre isso que este filme nos faz pensar: se passamos ao lado das nossas vidas, ou se as vivemos por dentro delas, pelos destinos que segurámos. Há dois tipos de atitudes, em que as pessoas vão oscilando: quando deixamos que a vida nos viva, ou quando vivemos o que impomos aos próprios acasos. Eu cá prefiro a segunda forma de estar, embora nem sempre isso seja fácil ou exequível. O filme foca-se demasiado na primeira.
E este final diz bem mais sobre cínicos e românticos do que o primeiro final em Viena.

Sem comentários: