Caganitas no ombro esquerdo do meu fato claro de linho, o meu preferido, e que me dá assim um ar de gangster cubano dos anos 30. Agora sim, estou irritado. E ainda teve o desplante, o despudor, de assustar a empregada ao passear-se pendurado nas minhas camisas dentro do armário. Ainda por cima, este rato é acrobata. Volta e meia entro no quarto de vestir empunhando a minha esfregona mortal, mas não tenho tido sorte. O gajo é esperto. Já me fareja à distância. Deve ter percebido que lhe matei o amigo esmagado à esfregonada.
Ontem fomos às grandes superfícies à procura de armamento letal, mas sem sucesso. Só havia armas químicas, de destruição maciça, ou seja, todo o tipo de venenos imagináveis, mas nós queremos armas de alta precisão. Por isso agora vou sair para comprar nem que seja uma daquelas velhas ratoeiras. Tinha mais esperança na tecnologia: um amigo falou-nos nuns aparelhos que emitem ultra-sons, que afugentam os ratos, mas os nossos não têm para onde fugir; era vê-los às cabeçadas contra as paredes. Não, prefiro uma coisa artesanal, antiga e eficaz. Uma velha ratoeira com queijo da serra, ou irresistíveis queijos "cholé" de Niza ou Castelo Branco. Isso é que vai ser. Se não resultar, duvido que a Carla aceite o emprego da arma biológica anti-rato mais letal do mundo: o gato. Estou a desesperar nesta guerra assimétrica.
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