A primeira coisa que fiz hoje, quando me levantei, foi matar um rato. Não é que não goste de ratos, ou que tenha, pelo contrário, ficado com um peso na consciência, mas é uma acção desagradável de se fazer logo pela manhã. Ver um bicho escuro a fugir, a meter-se debaixo do frigorífico, pegar na vassoura, procurá-lo, causar-lhe o pânico e depois esmagá-lo não é a melhor maneira de começar um dia de folga. À primeira, ficou mal esmagado, continuou a tentar fugir, já meio coxo (ou estaria a fingir que estava coxo, para eu o deixar escapar?) e aí peguei na esfregona. É um utensílio mais eficaz.
As barbas da vassoura devem picar suficientemente a carne de qualquer pequeno mamífero, mas uma esfregona molhada é mais compacta, deve ser como chumbo, e o facto de estar ensopada ajuda a uma sufocação mais conveniente. Seria uma morte piedosa. Mas não. Calquei-o bem calcado, mas a cauda nunca deixou de abanar, não de felicidade, talvez como que dizendo - "Ainda estou vivo, despacha-te, não sabes matar depressa, vá!..." Pelo menos não chiava como a osga que matei, ainda vivia na outra casa.
Quando levantei a esfregona, o pequeno, muito pequeno, peludo cinzento, contorcia-se um pouco, manchando o chão com uma ligeira nódoa sanguínea. Não levei a minha tarefa até ao fim. Tirei dois papéis de rolo branco de cozinha e preparei-lhe uma mortalha alva na qual o embrulhei antes de o deitar para o lixo e fechar o saco. Nojo.
Durante o processo de extermínio, a Carla estava na casa-de-banho. Estava e continuará na ignorância, pelo menos até ler este post. Até lá não se preocupa com isto. Dizem que basta matar-se o primeiro. Alguém precisa de uma desratização aí em casa?
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