07 julho 2005

Bloody thursday

Soluções fáceis para um problema tão complexo só o tornam mais difícil de resolver.

Nem as explicações preguiçosas de Soares nem o voluntarismo arriscado de Bush.

A resignação também não nos aproveita.
O que fazer quando o mundo à nossa volta está à beira de entrar em disrupção? - e isso pode acontecer a cada segundo que passa, em qualquer momento podemos morrer num terramoto.

O que fazer quando, a qualquer hora, o nosso pequeno universo, na nossa cidade, pode entrar em colapso num atentado terrorista, tão acidental na maneira como distribui os estragos quanto um desastre natural?

A primeira resposta é viver naturalmente antes. E procurar viver naturalmente depois.

A nossa presumida liberdade e o nosso estilo de vida não podem ser afectados, porque é esse o objectivo de quem nos inocula o medo - medo aos cidadãos, medo injectado nos político porque eles são obrigados a encontrar respostas, mesmo quando não as há.

O desencadear de respostas violentas que justifiquem mais violência é outro fim de organizações como a Al-Qaeda. A invasão do Iraque (não a do Afeganistão) foi um favor aos terroristas islâmicos.

Mas, se não podemos resignar-nos, qual é a forma de agir contra inimigos sem rosto, sem território, sem programa ideológico (e lógico)? As nossas sociedades estão habituadas a ver razões por detrás das acções dos outros. Mas a ausência de racionalismo da parte do inimigo é outra coisa que nos mata. Mata-nos o raciocínio.

O que aconteceu hoje em Londres há-de repetir-se noutro lugar. É uma guerra fácil, minimalista. Com poucos meios produz-se um efeito máximo: a América protegeu-se 40 anos dos mísseis soviéticos e sofreu o maior revés da sua história em território continental por causa de uma dúzia de homens de canivetes. Ironia assassina.

Este mal só é banal por se parecer com a acção dos vilões dos livros de comics. É o mal na sua mais tradicional fórmula malévola: semear destruição sem colher benefícios. Uma equação de onde não resulta qualquer bem para nenhuma das partes.

No dia em que estas coisas acontecem não há respostas. Só perguntas. Dúvidas. As respostas começam a nascer no dia seguinte.

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