07 março 2005

O facto de ser homem nunca me tinha colocado na posição de espectador externo da minha própria vida. Quando, num dia luminoso, a máquina me ofereceu a imagem do pequeno ser de 12 semanas a chuchar no dedo, dentro da barriga da Carla, percebi isso. O corpo da mulher confunde-se primeiro com o do filho. O homem tem de esperar. Mas não pela alegria de ouvir aquele coração bater tão depressa. De perceber que dali virá aquela pessoa. Um mistério de uma vida. Um eu cujo maior erro é pensar que será nosso. Tão filho que ainda sou e tão depressa serei pai. A ecografia é uma emoção da tecnologia moderna. Mas não explica tudo isto que é tão grande.

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