Devemos à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta deste mundo. Por Vítor Matos e Tiago Araújo
08 março 2005
Hoje um cego entrou na biblioteca. É natural que qualquer boa biblioteca académica tenha alguns livros em braille mas, ainda assim, a imagem de um cego a vaguear pelos corredores de uma biblioteca é demasiado literária para ceder à lógica da explicação mais plausível. A entrada do estudante fez-me lembrar Jorge Luis Borges que, já cego, foi director da Biblioteca Nacional de Buenos Aires («Falo da esplêndida ironia de Deus em conceder-me a um só tempo oitocentos mil livros e a escuridão.») e um episódio de Twilight Zone em que um homem que adora livros é o único sobrevivente de um holocausto nuclear e tem finalmente todo o tempo do seu mundo para ler, mas acaba por partir os óculos.
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