Para a Carla e o Vítor
Acho que Wittgenstein nunca escreveu (não li a obra toda) sobre os sonhos dos bebés e a possibilidade de um pensamento sem palavras. Julgo que diria (o Wittgenstein do Tractatus, pelo menos) que aqueles se encontram para lá da linha da fronteira da expressão do pensamento e sobre isso deveríamos guardar silêncio. Os sonhos são uma reorganização das memórias e por isso os dos bebés devem ser repetitivos e limitados, o que só torna mais estranho o facto de sorrirem durante o sono. Devem sonhar simplesmente por imagens: de biberões, do peito da mãe, dos padrões de cores das mantas que os cobrem. Interessante também é o facto de, aparentemente, as crianças sonharem ainda na barriga da mãe. Suponho que sonhos escuros, de líquido amniótico e vozes humanas longínquas. Mas sobre isso seguem o conselho de Wittgenstein, guardam silêncio.
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