08 fevereiro 2005

Ninguém surge do nevoeiro porque está um sol dos diabos

Ainda não li os programas dos partidos, mas tenho esperança que depois a esperança se me acenda. Andamos há dias nisto. Nem uma novidade sobre o futuro do país. Discute-se o destino com base na anunciada mudança de aristocracia partidária no poder; o que importa é saber se haverá maioria ou acordos parlamentares à esquerda. E o futuro? Isto somos todos nós atados por um fio invisível a seguir um carro alegórico onde cada dançarino quer convencer-nos de ser o melhor.

Retenho umas promessas vagas (os tais objectivos) de José Sócrates, mas não consigo entender o conjunto. O homem não se desvia um milímetro do discurso dos cartazes, não arrisca um rasgo sobre o que seja. Mau de prever, este destino próximo da nação, mesmo com um sol tão radioso e um ar político tão transparente (Santana é o que é e Sócrates também). Em Portugal, sem nevoeiro no horizonte, quando não estamos na presença de Sebastião nenhum, tudo é translúcido: como toda a gente vê o que está à sua frente, perde-se a esperança. O meu desejo? Que me fizessem acreditar. Não tanto num futuro radioso, mas num certo futuro. Naquele ali. Andam a querer comprar-nos o voto à borla sem se comprometerem com a paga. Tenho de ler os tais programas para depois não me esquecer de o cobrar.

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