O próximo alvo de Bush é o Irão, e o Pentágono já está a tratar da guerra. No discurso sobre o Estado da União, na quinta-feira, o Presidente americano disse: "Hoje o Irão é o principal promotor de terror no mundo, procurando armas nucleares e privando a população da liberdade que procura e merece". No dia seguinte, em Londres, a secretária de Estado, Concoleezza Rice, afirmou que um ataque dos EUA ao Irão "não está na agenda neste momento", deixando em aberto a existência de caminhos diplomáticos a explorar. Não está "neste momento". Estas subtilezas discursivas são de toda a importância.
Esta retórica faz lembrar a do Iraque. Quem já leu o livro de Bob Woodward, "Plan of Attack" sabe que um ou dois meses após o 11 de Setembro de 2001, Donald Rumsfeld já estava a trabalhar num plano para invadir o Iraque de forma rápida e barata. No entretanto, Bush dizia que não tinha planos de guerra em cima da secretária. Mas eles estavam na sua gaveta.
O mesmo acontece agora. Seria normal que os militares norte-americanos actualizassem os planos de contingência em relação ao Irão, nem que fosse por uma questão de planeamento rotineiro. Mas a história de Seymour M. Hersh - o mesmo jornalista que descobriu o escândalo de Abuh Grahib -, publicada na revista New Yorker, a 24 de Janeiro, é eloquente: "A administração tem estado a conduzir missões secretas de reconhecimento dentro do Irão pelo menos desde o último verão", escreve o repórter com base em fontes da CIA e do Pentágono. O objectivo destas acções, feitas à margem da fiscalização do Senado, é obter informações sobre potenciais alvos, como instalações nucleares, laboratórios químicos e locais lançamento de mísseis, com duas finalidades: ou um ataque rápido e preciso a estes alvos, ou uma invasão através do Iraque e do Afeganistão. Uma coisa é certa: os neoconservadores do Pentágono não querem cometer os mesmos erros de intelligence que deitaram a credibilidade da invasão do Iraque a perder.
Devemos estar preparados. Se a Europa não obtiver ganhos diplomáticos junto do Irão, o que não será fácil, Bush voltará a atacar. Ele já avisou. E desta vez até foi mais claro do que quando falou do "eixo do mal", noutro discurso que ficou famoso. Nessa altura não sabíamos, mas os planos para invadir o Iraque já estavam bem avançados.
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