Num daqueles livros que se lêem na adolescência, o narrador descreve os dias que passou num quarto, sem a noção do tempo, sob o efeito de uma droga qualquer. Também eu vivi pelo relógio sem ponteiros de Morangos Silvestres nestas duas últimas semanas, sem ter tomado nada. Acabei a tradução de um livro difícil, comemorei a dissolução do parlamento e a evaporação do governo (passagem do estado líquido ao gasoso), vi A Costa dos Murmúrios, participei na maratona gastronómica de recepção ao Ruca, assisti ao empate do Sporting em Alvalade, não escrevi postais de Natal, li pouco. Já preguei os ponteiros ao relógio: estou atrasado, estou muito atrasado. Estou de volta.
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