20 dezembro 2004

As traduções das letras dos Joy Division são más. As traduções das letras dos Joy Division não podem ser boas. Há bastante tempo que partilho com o Zé Pedro este desconforto. O erro é estrutural, nenhum tradutor pode atenuar a estranheza. (A Assírio & Alvim tem duas edições, uma com tradução de Paulo da Costa Domingos e de mais alguém cujo nome não me recordo e a outra de José Alberto Oliveira.) Não conseguimos simplesmente ler os poemas, ouvimo-los mentalmente em português com a música original. É indiferente se «o amor nos destroçará» ou se «nos dilacerará», nunca chegará para «tear us apart». É como tentar ler aquele soneto da Florbela Espanca sem ouvir a voz do Luís Represas a querer amar-nos perdidamente.

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