Perante o olhar atento mas impassível dos noruegueses, Manuel João Vieira, ex-vocalista dos Enapá 2000, cantava uma das suas letras em norueguês com uma perfeição para nós irrepreensível. Foi na passada quarta-feira, no centro de arte moderna de Oslo, onde ele também tinha uma instalação em vídeo na exposição «30 artistas portugueses com menos de 40». Os louros cidadãos da Noruega esbugalhavam os olhos, e das duas uma: ou não percebiam a canção tão devotadamente cantada na língua escandinava ou não lhe acharam qualquer graça. Fiquei a pensar que não tinham sentido de humor: são muitas horas nocturnas à hora de ser dia e frio a mais na moleirinha. Uma pena. Riram-se mais das canções em português. Povo estranho. Nós rimos muito com aquela em norueguês.
João Manuel Vieira acompanhava a comitiva do Presidente da República que visitou a família real da Noruega. Portou-se bem. Foi estagiar para ver se é preciso candidatar-se contra o Pedro Santana Lopes. A instalação de vídeo não era mais do que colagens dos tempos de antena da sua campanha presidencial de 2001. Se virmos bem, o que ele nos disse lá no museu faz todo o sentido. Na nossa sociedade «há demasiado absurdo por defeito e pouco absurdo por excesso». O homem é um filósofo.
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