23 maio 2005

Notas marginais

Dependendo do ponto de vista, sublinhar livros de bibliotecas públicas pode ser encarado como um acto de egoísmo ou de altruísmo. Pode sublinhar-se sem pensar nos leitores seguintes ou a pensar nos leitores seguintes. Neste segundo caso, sublinhar é um acto exploratório de procura das frases ou dos pensamentos mais importantes, empreendido para poupar trabalho aos leitores futuros. Poderíamos chamar a estes sublinhadores fazedores de mapas, não fosse o perigo de tornar sedutora uma actividade tão irritante. Por vezes os riscos são complementados com extensas anotações na margem lateral da mancha impressa, oferecendo o texto e a sua exegese na mesma página. O que apetece, nestes casos, é comentar o comentário do leitor anterior, iniciando uma espiral infinita de notas marginais.

4 comentários:

Vìtor Matos disse...

... ou seja, uma espécie de comentário como num blogue, elevado à potência, até que as notas marginais às notas marginais se transformassem numa coisa assim borgiana, uma biblioteca infinita de notas maginais de leitores marginais

Tiago Araújo disse...

Não acho que chamar «marginais» aos leitores contribua para aumentar as visitas ao blogue. Mas compreendo o que queres dizer: os blogues (com comentários) como livros infinitos.

Anónimo disse...

sublinhar livros de bibliotecas públicas pode ser visto como uma chamada de atencao a leitores menos atentos.
sublinhar como uma forma de dar enfase e fazer pensar (neste caso tambem fazer escrever)
tal como um blogue.

Bruno Ramos disse...

Por falar em sublinhados, tenho um daqueles "projectos impossíveis" que é, um dia destes, compilar todos os sublinhados que fiz em todos os meus livros, ao longo dos anos, e ver qual seria o resultado final...