Não surpreeende. Jorge Sampaio não vai convocar o referendo sobre a despenalização do aborto. Já tinha avisado que não o faria para uma data que prejudicasse a participação popular: ou seja, Julho, como obrigavam os prazos legais. Quem como Sampaio deseja despenalizar o aborto, tem de concordar que, dado o calendário eleitoral, a pergunta só deve ir a votos em 2006. Nem já, nem com as autárquicas, nem com as presidenciais.
O Presidente usou de um bom senso elementar: mais vale adiar o referendo um ano do que fazê-lo mal e à pressa (com menos de 50% de votantes), o que nos deixaria mais sete ou oito anos reféns da situação actual.
Sócrates perdeu, mas já pode dizer à esquerda do seu partido que tentou; e assim ganhou tempo com mais um debate inútil para que não se falasse da governação. Mendes ganhou, condicionando com a sua chantagem a estratégia do PS e do Presidente - que desejam o referendo europeu em conjunto com as autárquicas e por isso precisam do PSD para a revisão constitucional. Para já, o aborto foi empurrado com a barriga para o próximo inquilino do Palácio de Belém. Esperemos que Cavaco seja sensível...
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