VI
Irmão do que escrevi
Distante me desejo
Como quem ante o quadro
P'ra melhor ver recua.
Mas tu, Neera, impões
Leis que não são as minhas.
Teus pés batem a dança
De sombra e desmesura
Em frente da varanda
Fugidias cintilas
Longas mãos brancos pulsos
Torcem os teus cabelos
Quando irrompe da noite
Tua face de toira
E acordas as imagens
Mais antigas que os deuses.
Sophia de Mello Breyner Andersen, «Homenagem a Ricardo Reis», Dual
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