20 janeiro 2005

Tenho lido, de modo intermitente, a Correspondência entre António José Saraiva e Óscar Lopes. Alguns assuntos discutidos: a interpretação dos Lusíadas, o Positivismo e o Racionalismo, Montaigne e Descartes, o Budismo, a metáfora do mundo interior, a unificação (subjectivo-[ob]jectivo) pela teoria da praxis de Marx, o Maneirismo literário. Mas há um tema transversal à maioria das cartas: as dificuldades financeiras. Talvez isso possa ser interpretado simplesmente como uma variação do velho problema filosófico da relação mente-corpo.

Isto é só um exemplo (ou a tradução como subsídio de desemprego): Um moço meu amigo de grande valor, que está a estudar aqui, encontra-se em grande dificuldade porque não obteve uma bolsa do governo francês com que contava. Teve a melhor classificação de Lógica da Sorbonne de há vários anos a esta parte. Trabalha com o L. Goldmann. Para se aguentar procura trabalho de traduções em Portugal. Chama-se Fernando Gil – sabes de alguma tradução que lhe possa ser confiada? (António José Saraiva, 30 de Maio de 1963.)

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