29 novembro 2004

O Governo na incubadora

Cavaco Silva escreveu que os políticos competentes devem afastar os incompetentes. Henrique Chaves não esperou. Ainda não há garantias de substituição por um competente.

Não há memória de uma demissão tão violenta de um ministro, ainda por cima amigo e apoiante de sempre do primeiro-ministro. Tudo o que houver por detrás de tudo isto será mais grave do que possa pensar-se. E terá os seus efeitos no castelo de cartas governamental.

Ontem Santana Lopes fez um discurso com metáforas que ficam mal. Comparou o Governo a uma criança mal parida, aquilo a que ele chama "um parto difícil", assumindo que o Executivo está numa "incubadora", mas depois vêm os "irmãos mais velhos" - sim, o mesmo Cavaco Silva a quem ele apelou para Belém -, que dão "estalos e pontapés, em vez de o acarinhar". Isto é tudo ingenuidade?

É a declaração de fraqueza mais franca e trapalhona alguma vez feita por um primeiro-ministro.

Jorge Sampaio está neste momento reunido em Belém com um nascituro precoce que vive numa incubadora por ser imaturo para funções tão solenes. A pedir garantias de quê?

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