Uma equipa de astrofísicos descobriu que o universo pode durar mais 30 mil milhões de anos do que se pensava. O universo vai existir sem mim mais 30 mil milhões de anos do que eu pensava. A minha contribuição para o universo (em percentagem de anos) vê-se assim encurtada drasticamente. É só aplicar uma regra de três simples. Não exponho aqui o resultado para que quem visite a página não pense que estamos com um erro informático que nos enche a página de zeros após uma vírgula. Mas é só fazer as contas. O problema é que temos não uma, mas duas incógnitas. É que ainda não sabemos quantos anos irei viver. Sugiro que se utilize a esperança média de vida para a população masculina portuguesa para acabar com a incógnita, embora espere ultrapassá-la. Claro que, como podem imaginar, o meu niilismo tem uma relação inversamente proporcional com a percentagem de contribuição para o universo. Aproximo-me de Nietzsche à velocidade da luz.
Se não fosse materialista, poderia acreditar que todo o universo é uma construção mental minha. E que, por conseguinte, a sua duração é igual à da minha vida, a minha contribuição para ele absoluta. Mas, por mais que tente, não consigo acreditar que possuo dentro de mim tanta criatividade, tantos cometas. Por vezes, pressinto o vazio estelar, mas logo o estômago ocupa o seu lugar e «o universo/Reconstr[ói]-se-me sem ideal nem esperança» (A. C.).
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