25 setembro 2005

A criação do mundo



Para o Miguel, ao quarto dia

Assim como quando uma pessoa morre o mundo acaba, quando alguém nasce o mundo é criado. Para quem tem poucos momentos de vida, não interessa se o universo foi criado há milhões de anos e continua a expandir-se ou se o seu próprio nascimento foi produto de uma evolução a partir de aminoácidos, da substituição de seres estranhos por seres estranhos e de uma longa sucessão de relações sociais determinadas, no fundamental, pelo acaso. Para o Miguel o mundo foi criado na última quinta-feira. E, em certo sentido, também para a Carla e o Vítor.

Tudo foi criado em simultâneo, mas não pode ser conhecido em simultâneo. Todos os povos têm mitos fundadores e, no nosso, ao quarto dia foram criados as estrelas, o Sol e a Lua. «Haja luzeiros no firmamento dos céus, para separar o dia da noite e servirem de sinais, determinando as estações, os dias e os anos; servirão também de luzeiros no firmamento dos céus, para iluminarem a Terra». É um dia importante e está a chegar ao fim. O de amanhã também vai ser comprido: são criados os seres marinhos e as aves. Dorme bem.

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado, tio Tiago, eu estou a dormir bem. Ontem sonhei com Andrómeda e Osíris, com o sol quente e uma lua fria, com noites silenciosas e dias barulhentos, com luzeirinhos lá ao fundo e uma chuva de estrelinhas a tilintar na hora de mamar. Hoje adormeci ao som de rouxinóis e canários amarelos, papagaios cheios de cores e garças pescadoras que apanham barbos com o bico, e peixes pequeninos às riscas na babugem dos corais que fogem sempre que eu dou bocejo porque têm medo de bocas abertas. O mundo é uma coisa linda...
Miguel

Anónimo disse...

Obrigado, Tiago. Desde que sou mãe dei em chorona e já me emocionei a ler este teu bonito post dedicado ao meu rebento. Vais ver quando tiveres o teu.
Beijo grande
Carla

Roberto Iza Valdés disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.