31 agosto 2004

Zero e infinito no Olimpo

Penso nos Jogos Olímpicos, em dois tipos de modalidades: nas que tendem para o zero e nas que tendem para o infinito, e na possibilidade de podermos ser cada vez melhores.

Nas que tendem para o zero (como em todas as corridas de atletismo), quando mais próximo do zero chega um atleta, melhor. Um dia que chegue a zero, o mundo acaba, porque essa é uma façanha impossível. Mas se o desporto não é finito, e se as melhores marcas caem todos os anos, porque razão não há ninguém que se ultrapasse tanto a si mesmo de uma só vez, que nenhum outro humano consiga vencer aquele espaço em tão pouco tempo?

O mesmo se passa nas modalidades que tendem para o infinito (como nos saltos em altura, à vara, em comprimento, no lançamento do peso ou do dardo, etc): não há ninguém que consiga uma marca tão impossível de alcançar, por estar tão perto do infinito, que mate qualquer futura tentativa de superação?

Penso que só há uma resposta possível, embora bifurcada: os humanos são tão imperfeitos que é sempre possível aparecer alguém com um maior grau de perfeição; e é verdade que podemos ser sempre melhores do que no nosso momento anterior, de modo a nos superarmos a nós mesmos nas circuntâncias mais difíceis.

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