Devemos à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta deste mundo. Por Vítor Matos e Tiago Araújo
02 junho 2004
Morar num terceiro andar obriga-nos a conviver com a atracção pelo abismo. Hoje suicidou-se-nos mais um pano do pó. Não deixou sequer uma nota a explicar uma decisão tão drástica. Mas já estamos habituados. Os nossos objectos têm tendência a lançar-se em queda livre. Quanto a isso, as molas da roupa são os escandinavos dos objectos. À mínima distracção uma lança-se no vazio. E os nossos vizinhos também parecem ter o mesmo problema. Há um telheiro no rés-do-chão onde repousam os restos mortais de cada vez mais objectos improváveis: um vaso inteiro, muitas molas de roupa, um pano do pó, um soutien, dois pares de cuecas. São apenas dados sem teoria, para o caso de alguém querer actualizar o trabalho de Durkheim.
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