Ando a ouvir tanta música de embalar que este blogue adormeceu. O tempo que gastava a escrever, emprego-o agora a mudar fraldas. Sou um homem moderno, qualquer dia vou aí para as manifestações a reclamar o regresso à velha desigualdade entre os sexos e exigir uma quota de tempo diário para mandar umas larachas. Tiaaaagoooo! Acoooorda! Dá aqui uma mãoziiiinha!
Estamos em estado de reanimação. Por favor incomode o doente.
Devemos à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta deste mundo. Por Vítor Matos e Tiago Araújo
23 novembro 2005
01 novembro 2005
O censor prévio

Rui Rio é um democrata, ninguém duvida. Desde que a democracia satisfaça plenamente a sua vontade, é um democrata. Com maioria na câmara, mais democrata se torna, e ganha contornos de déspota iluminado, que decide o que é de interesse público, e sobretudo aquilo que é do seu interesse próprio. Assim, ontem, no Porto, ele mesmo provou como a democracia é uma coisa frágil e como dentro de um político com fama de sério e honesto pode abrigar-se um pequeno ditador.
Da última vez que entrevistei Rui Rio (para a "Sábado"), antes das autárquicas, ele próprio e elementos do seu stafe tentaram evitar que a entrevista fosse publicada. Rio não gostou de ser confrontado com aquilo que Paulo Morais tinha dito numa entrevista anterior à Visão, não gostou de ser confrontado com algumas das suas contradições, não gostou que a entrevista não tivesse sido aquilo que ele desejaria que fosse. Mas uma entrevista é uma entrevista, não é um tempo de antena.
É pena que ele não compreenda que os titulares de cargos públicos, por melhores intenções que guardem, devem ser confrontados com as suas acções, palavras, intenções. Devem esclarecer, ser claros, e perceber que os jornalistas não devem resignar-se quando os políticos não querem responder às perguntas incómodas. A nossa função é inquirir, duvidar, querer saber mais e garantir que as respostas são reproduzidas tal como foram dadas.
Mas ontem Rui Rio anunciou estas fabulosas e democráticas regras, numa declaração pública, que pode ser consultada no site da SIC:
- ”restringir o seu relacionamento [da Câmara] com os media exclusivamente às matérias de inegável interesse público e evitar todas as que visem objectivos de interesse privado, corporativo ou editorial”;
- ”fazer depender qualquer declaração para a comunicação social sobre matérias do Executivo, de prévio contacto do jornalista com o Gabinete de Comunicação da Câmara”;
- ”acordar com a imprensa apenas entrevistas por escrito, mediante critérios de oportunidade, com regras previamente definidas, evitando ou minimizando assim interpretações especulativas, ou a pura manipulação das respostas”;
- ”o Gabinete de Comunicação da Câmara recorrerá, preferencialmente, à mensagem escrita, através de publicação no site oficial da Câmara e de difusão pelos media”.
28 outubro 2005
Lisboa-Porto num shot
27 outubro 2005
Recordando...

Com Cavaco a concorrer, agora discute-se a presidencialização do regime. Tem piada, porque em 2001, como Sampaio era pouco interventivo, o debate análogo sobre os poderes presidenciais era sobre se o Presidente da República devia ser eleito por sufrágio universal ou por via indirecta. Ele há coisas neste país que mudam com uma facilidade... e ninguém se lembra?
25 outubro 2005
Coincidências
Os ex-PRD Carlos Beato (presidente da câmara de Grândola eleito pelo PS) e Pedro Cannavarro, que foi presidente do defunto partido renovador (para não falar em Ramalho Eanes), apoiam Cavaco Silva. Lembram-se qual foi o partido que, em 1987, apresentou uma moção de censura para derrubar o Governo minoritário do PSD? Sim, foi o PRD. E logo a seguir Cavaco teve a primeira maioria absoluta...
24 outubro 2005
Lembrando, comparando...

"Convocaria eleições no momento em que estivessem esgotadas as hipóteses de obtenção do necessário apoio parlamentar à constituição de um governo. Contraria a minha experiência para avaliar as condições de governabilidade", disse Cavaco Silva, na 1ª campanha presidencial: DN - 11 de Janeiro de 1996.Lembremo-nos de que Guterres não tinha maioria absoluta.
"Eu sou um defensor da estabilidade política. Não se conseguem ultrapassar as dificuldades sem estabilidade. [A dissolução] Só deve ser utilizada em situações muito extraordinárias", disse Cavaco Silva, na apresentação da campanha presidencial II: 20 de Outubro de 2005. Ligeiramente diferente da opinião da década anterior. Para não assustar os socialistas nem os sociais-democratas traumatizados.
"O senhor [dirigindo-se a Jorge Sampaio], não esteve na Alameda politicamete. E sempre esteve nos antípodas de Mário Soares", disse Cavaco Silva, na 1ª campanha presidencial, no debate com Jorge Sampaio e Jerónimo de Sousa na Prova Oral da RTP, a 15 de Dezembro de 1995. Tecerá hoje louvores a Jorge Sampaio para atacar Mário Soares? Ficamos à espera, porque a política tem coisas destas.
"[O Rendimento Mínimo Garantido] gera muitos problemas: desincentiva a procura de trabalho, requer mecanismos administrativos complexos para o seu controlo, dá origem a grandes fraudes e provoca injustiças. Não resolve os problemas da pobreza", disse Cavaco Silva, na 1ª campanha presidencial à Revista do Expresso, 12 de Janeiro de 1996. Manterá a mesma opinião agora?
"Com o poder todo concentrado num só quadrante ideológico, não vejo nada um futuro cor-de-rosa (...). Com tudo cor-de-rosa não antecipo nada de bom para Portugal", disse Cavaco Silva, na 1ª campanha presidencial na mesma entrevista à Revista do Expresso, em 12 de Janeiro de 1996, a dois dias das eleições. Poderá hoje dizer a mesma coisa, quando ainda há mais poder concentrado nas mãos dos socialistas? É claro que não voltará a usar este argumento.
Dez anos é muito tempo...
20 outubro 2005
Adivinhando

Hoje, dentro de uma das suas obras emblemáticas e à hora dos telejornias, Aníbal Cavaco Silva vai dizer que é candidato a Presidente da República.
1 - A sua declaração será curta e incisiva, ao contrário da de Mário Soares que foi longa, fastidiosa, e vazia de conteúdo;
2 - Não vai ter a sala cheia de convidados, mas sim de jornalistas, para evitar colagens excessivas a partidos (ao PSD) e Marques Mendes não deverá lá estar; Mário Soares tinha a sua sala no Altis cheia de notáveis e de gente do PS para mostrar que tinha uma data de apoios;
3 - Vai responder a perguntas dos jornalistas para mostrar que não é aquela figura fechada e antipática de outros tempos, ao contrário de Soares que não quis ser questionado a seguir à sua apresentação (e que toda a vida falou aos jornalistas);
4 - Para já, não fará grandes avisos à navegação socialista e até há-de elogiar o esforço de contenção deste Orçamento do Estado, para não hostilizar os socialistas;
5 - Voltará a apresentar-se como homem providencial que regressa com sacrifício da sua vida pessoal para endireitar as coisas (aliás, tal como Soares);
Quem há 10 ano pensou que o Acabado Silva estava mesmo acabado...
15 outubro 2005
Arquitecto no saco

Meteram o arquitecto no saco. Que será dos meus sábados, a partir de agora, sem aquelas ironias tão finas que quando estão de frente parece que estão de lado e é preciso explicá-las na semana a seguir? Em que sacos hei-de procurar agora prosas saraivadas? Heeelp! Preciso da minha dose semanal de Saraiva.
13 outubro 2005
Ao largo na Graça

Pode. Tire lá a fotografia. Assim 'tá bem? Deixe-m' ajeitar o boné… E o cigarrinho? Vou dar uma passa no cigarrinho. Ficou bem? Sou aqui da Graça, pois, sou daqui. Agora isto há prá’qui muita gente. É a esplanada há uns dois anos. Dois anos? Se calhar há mais... Já custo a andar. Só com a bengala. E devagar. São os anos. Uma data deles. Bailei muito nesses Sant' Antónios. Agora tod'á gente vem p'ráqui. Acho bem. A malta tem de se divertir, não é? Vou andando devagarinho, assim, 'tá a ver. Visto o fatinho, já tá velho, e dou uma volta, vejo a vista, as camones, até assobio a elas, dou pão aos pombos, bato uma manilha ali no largo, quando calha. Já não posso dar no tinto, mas às vezes vai um gole no branco, eh, eh. É assim. Saudinha da boa!
12 outubro 2005
Arqueologia das palavras

Se a Odisseia é a precursora dos Indiana Jones e demais histórias de aventuras, a Ilíada inaugurou os Apocalipse Now de todos os tempos e demais contos de guerra. O Senhor dos Anéis, porém, mistura tanto aspectos homéricos da Odisseia como da Ilíada. É uma guerra e uma busca, uma ida e um regresso. Mas para lá da narrativa, há detalhes que me impressionam na leitura das traduções de Frederico Lourenço para a Cotovia. Como esta arqueologia das palavas, numa história com três mil anos, em que Nestor fala a Diomedes:
"Pois agora para todos se coloca no fio da navalha".
Ou então, pouco mais adiante:
"Hão-de ficar onde estão [os troianos], afastados das naus, ou hão-de regressar à cidade, uma vez que já deixaram os Aqueus na mó de baixo."
Na "mó de baixo" e no "fio da navalha". Há três milénios que usamos estas expressões e eu não sabia. Na Introdução, o tradutor explica que este é o mais antigo registo da frase "no fio da navalha". E há outras coisas tão parecidas às dos nossos tempos...
Relativismo
Sou um puericultor. Mudo fraldas com chichis e cocós, dou banhinhos relaxantes todas as noites, penso em estratégias de embalo, estudo a semiótica do choro, faço massagens na barriguinha para o piqueno aliviar as dores, acordo ao de leve de noite quando a Carla dá de mamar... Não, não vou escrever sobre as autárquicas. Tanto me faz. E dá-me ideia que a consistência do cocó de ontem seria um tema de conversa mais interessante.
06 outubro 2005

"Há, em Veneza, três lugares mágicos e secretos: um na rua do Amor dos Amigos; um segundo nas proximidades da ponte das maravilhas, e um terceiro na calle dei Marrani, perto de San Geremia, no velho ghetto. Quando os venezianos - por vezes malteses - se cansam das autoridades, dirigem-se a estes lugares e, abrindo as portas ao fundo desses pátios, partem para sempre para países fantásticos e outras histórias". - Fábula de Veneza, Hugo Pratt
Tiago e Joana: já têm aqui a cartografia dos portais fantásticos; se os atravessarem para o outro lado, podem prolongar por mais uma horas este dia especial.
02 outubro 2005
«Para Veneza!», exclamou, repetindo o pedido de Aschenbach e estendendo o braço para mergulhar a pena no líquido pastoso que mal cobria o fundo de um tinteiro inclinado na sua frente. «Uma primeira para Veneza! Aqui tem, cavalheiro!» Rabiscou uns gatafunhos largos, polvilhando-os com uma areia azulada contida numa caixa, que escorreu para uma taça de barro, dobrou o papel com os dedos amarelados e nodosos e escreveu do lado de fora. «Que escolha feliz para a sua viagem!», aventurou entretanto. «Ah! Veneza! Que cidade maravilhosa! É fonte de atracção irresistível para a pessoa instruída, tanto pela sua história como pelos seus encantos de hoje!» A fluência e a rapidez dos seus gestos e as frases vazias com que os acompanhava tinham algo de envolvente e distractivo, como se suspeitasse que o viajante pudesse ainda vacilar na sua decisão de partir para Veneza.
Thomas Mann, Morte em Veneza
(Até p'rá semana.)
Thomas Mann, Morte em Veneza
(Até p'rá semana.)
01 outubro 2005
Washington «Post»
25 setembro 2005
A criação do mundo

Para o Miguel, ao quarto dia
Assim como quando uma pessoa morre o mundo acaba, quando alguém nasce o mundo é criado. Para quem tem poucos momentos de vida, não interessa se o universo foi criado há milhões de anos e continua a expandir-se ou se o seu próprio nascimento foi produto de uma evolução a partir de aminoácidos, da substituição de seres estranhos por seres estranhos e de uma longa sucessão de relações sociais determinadas, no fundamental, pelo acaso. Para o Miguel o mundo foi criado na última quinta-feira. E, em certo sentido, também para a Carla e o Vítor.
Tudo foi criado em simultâneo, mas não pode ser conhecido em simultâneo. Todos os povos têm mitos fundadores e, no nosso, ao quarto dia foram criados as estrelas, o Sol e a Lua. «Haja luzeiros no firmamento dos céus, para separar o dia da noite e servirem de sinais, determinando as estações, os dias e os anos; servirão também de luzeiros no firmamento dos céus, para iluminarem a Terra». É um dia importante e está a chegar ao fim. O de amanhã também vai ser comprido: são criados os seres marinhos e as aves. Dorme bem.
23 setembro 2005
O Equinócio da minha vida

Aqui, nesta hora indizível, a cabecita do Miguel assomava-se ao mundo e estreava os pulmoezitos novos. Aqui, neste minuto feliz, às 17h56, no momento do Equinócio de Outono, quando o dia tem exactamente a mesma duração da noite, a 22 de Setembro do ano da graça de 2005, senti aquilo. E isso não se descreve. No primeiro segundo, parece que olhamos para nós mesmos às avessas, como uma personagem de Borges que encontra o seu sósia. Ontem, da primeira vez que o vi em cima da barriga da mãe, umbilicalmente ligado ainda, tudo fez sentido com uma limpidez cristalina mas inexplicável. Todos os pontos do cosmos convergiram ali, enquanto reconhecia o meu filho. Enchi-me de ar, de perfumes de jardins e de rosas e de quatro ventos frescos cardeais e de todos os lugares mágicos e de fantasia do mundo. Viver até agora valeu a pena para ser atravessado por estes segundos de alegria e perplexidade.
20 setembro 2005
A vida d.f.
Em criança, intrigava-me a existência dos meus pais antes de eu ter nascido. Como era possível?Agora mudei de posto. Intriga-me a minha existência depois de o Miguel nascer, daqui a umas horas - o que significa durante esta semana. Dizia-me o meu médico: "Olhe que isso é um corte epistemológico na vida de um homem". Como nunca ouvi dizer que cortes epistemológicos precisassem de anestesia, deve ser porque não doem, mas esta coisa de estar quase a ser pai (e a Carla mãe) deixa-me nervoso, pelo menos um bocadinho, pois. Aí vem a vida d.f. (depois de filhos). Este é um dos meus últimos dias a.f. (antes de filhos). E não serão dias fáceis, que tenho muito que fazer. Apetecia-me andar por aí a apanhar sol e a pensar na vida. Mas, por agora, se tenho saudades é do futuro.
19 setembro 2005
O duelo: Carmona vs Carrilho

Aquilo foi a prova de que afinal eles são como nós, como a gente, piores que o pessoal, a malta, a maralha, a canalha. O duelo Carmona vs Carrilho refuta o argumento de que os políticos estão longe das pessoas, dos eleitores, enfim, do povão. Eles são povo, interpretam na perfeição a atitude discursiva alfamista ou madragoeira, são verdadeiras varinas, naifistas do Cais do Sodré, rufiões da baixaria. Interpretam aquilo que a condição humana tem de mais genuino: o instinto do ataque e o reflexo da defesa, a fúria, o olho-por-olho-dente-por-dente. Ah gandas homens, pá!
Aquilo não devia ter ficado por ali. Se eles fossem cavalheiros... Se aqueles dois rufiões fossem cavalheiros à séria, nunca tinham aplicado tantos golpes abaixo da cintura. Se fossem cavalheiros, no final, quando Carrilho recusou o cavalheiresco aperto de mão, Carmona havia de ter pegado na bengala e quebrado a dita na cabeça dura de Dom Manuel Maria; quando Dom Manuel Maria ouvisse Dom António Pedro a chamar-lhe "ah grande ordinário", havia de lhe dar dois ou três sopapos, já que ele dá a Cara Por Lisboa, e depois marcavam um duelo nas traseiras da Sé e, assim, com sorte, víamo-nos livres de ambos.
Há mínimos a cumprir em política: não basta ser sério, ter ideias e boas intenções, é preciso saber estar, porque é no domínio público que a política decorre. Como é que estes dois homens tratariam um munícipe reclamante? Ao pontapé? O que o debate nos mostrou é que Lisboa será governada por um dos dois, infelizmente.
18 setembro 2005
O nosso blogue foi pela primeira vez bloqueado por um firewall, com a mensagem: The site atraves-dos-espelhos.blogspot.com was blocked, it is in the Restricted Pornography category. É uma grande vitória para nós, mas também é um sinal de que talvez precisemos de elevar a qualidade dos temas e dos textos. Peço-vos por isso que reflictam agora sobre este excerto de um texto de Cícero, que transcrevo na língua em que soa melhor, a original.
Cum enim saepe mecum ageres ut de amicitia scriberem aliquid, digna mihi res cum omnium cognitione tum nostra familiaritate visa est. Itaque feci non invitus ut prodessem multis rogatu tuo. Sed ut in Catone Maiore, qui est scriptus ad te de senectute, Catonem induxi senem disputantem, quia nulla videbatur aptior persona quae de illa aetate loqueretur quam eius qui et diutissime senex fuisset et in ipsa senectute praeter ceteros floruisset, sic cum accepissemus a patribus maxime memorabilem C. Laeli et P. Scipionis familiaritatem fuisse, idonea mihi Laeli persona visa est quae de amicitia ea ipsa dissereret quae disputata ab eo meminisset Scaevola. Genus autem hoc sermonum positum in hominum veterum auctoritate, et eorum inlustrium, plus nescio quo pacto videtur habere gravitatis; itaque ipse mea legens sic afficior interdum ut Catonem, non me loqui existimem.
Cum enim saepe mecum ageres ut de amicitia scriberem aliquid, digna mihi res cum omnium cognitione tum nostra familiaritate visa est. Itaque feci non invitus ut prodessem multis rogatu tuo. Sed ut in Catone Maiore, qui est scriptus ad te de senectute, Catonem induxi senem disputantem, quia nulla videbatur aptior persona quae de illa aetate loqueretur quam eius qui et diutissime senex fuisset et in ipsa senectute praeter ceteros floruisset, sic cum accepissemus a patribus maxime memorabilem C. Laeli et P. Scipionis familiaritatem fuisse, idonea mihi Laeli persona visa est quae de amicitia ea ipsa dissereret quae disputata ab eo meminisset Scaevola. Genus autem hoc sermonum positum in hominum veterum auctoritate, et eorum inlustrium, plus nescio quo pacto videtur habere gravitatis; itaque ipse mea legens sic afficior interdum ut Catonem, non me loqui existimem.
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