29 abril 2008

I was looking for a job, and then I found a job
And heaven knows I'm miserable now
The Smiths

Começou a classificar os amigos e conhecidos em duas categorias opostas:

a) Os que queriam que ele se empregasse;
b) Os que lhe achavam graça mesmo assim.

É preciso dizer-se que nos achávamos numa sociedade de
gente empregada ou por conta doutrem, ou escrava de si própria, ou trabalhando para o Estado.
À classe a) pertencia gente honrada e digna mas, caso notável, ao falarem-lhe das vantagens de um emprego esqueciam-se com certeza que um quarto de hora antes se tinham estado a lastimar do
seu emprego – dos compromissos, engrenagens, desvirtualidades, perdas de tempo e de inteligência, baixezas e asneiras a que esse emprego os conduzia, sem remédio. Sem remédio? Este estava à vista: era desempregarem-se, libertarem-se (do emprego) usando truques engenhosos e arriscando-se no futuro. [Luiz Pacheco, O Homem que Calculava]

4 comentários:

Anónimo disse...

Há alguma coisa que me queiras contar?! Eu acho-te graça de qualquer maneira.

Tiago Araújo disse...

Apenas achei piada ao texto. Não estou a pensar desempregar-me. Sou da categoria b), dos que achavam graça ao Luiz Pacheco desempregado. Claro que nunca o conheci e por isso nunca me cravou dinheiro para umas imperiais.

Vìtor Matos disse...

Tiago, sabes que, se prezas a minha vida profissional, e se és meu amigo, afilhado e compadre não me deves dar a ler textos desses...

Anónimo disse...

Trabalho como forma de redenção...trabalho para te sentires útil...trabalho como meio para a libertação...ups falavam de emprego...não é bem a mesma coisa:))