Foi um mau espectáculo, qualquer um dos directos da manifestação de skins nas televisões. Se os directos por vezes são bons, às vezes encerram perigos. Apenas cinquenta nazis sem qualquer peso na sociedade conseguiram hoje ter uma audiência de milhões de portugueses e passar uma mensagem perigosa de forma gratuita, através do megafone hertziano (o jornalismo trata da recolha, selecção, hierarquização e tratamento da informação, daí que a forma preferível de cobertura da manif fosse a da peça trabalhada em diferido). De qualquer forma, os directos são inevitáveis, e assim os organizadores conseguiram o que desejavam: propaganda nazi e xenófoba à hora do almoço familiar do fim-de-semana.
Mas há coincidências tramadas. Minutos depois de um cabeça-rapada perorar sobre a expulsão dos imigrantes com o exemplo da expulsão de mouros - junto à Mouraria onde tantos anos os muçulmanos conviveram com os cristãos -, uma nova peça do telejornal devolvia a estes sabujos um espelho ao qual não gostariam de se ver.
A polícia britânica montou alarmes na casa dos emigrantes portugueses que vivem numa vilória inglesa para os proteger de ataques racistas e xenófobos (por parte de outros brancos), na sequência dos protestos por causa de um homicídio alegadamente cometido por um português. O problema é o mesmo, nem vale a pena dizê-lo, posto ao contrário.
Dar voz e ouvidos a esta gente é abrir o caminho a males que repousavam fechados na nossa caixa de Pandora. O que eles dizem é tão ridículo, irracional, e brutal que parecem inofensivos aos seres dotados de razão. O perigo é o que eles representam. As esquerdas e as direitas democráticas têm de ter um discurso claro sobre segurança, apresentar medidas viáveis, e uma ideia sobre como lidar com a imigração, os bairros degradados e a integração. Se não ocupam o espaço vazio, esta gente aproveitará as brechas.
1 comentário:
certo. mas a isto chama-se sociedade de informação. como tem de se fazer o directo da manifestação dos funcionários públicos, tem de se passar o directo dos skins. é que senão o repórter e consequentemente a estação seriam conotados de falta de isenção... isto é tramado.
que nos salvem esses a que estamos entregues, que, bem ou mal, ainda se mexem através do diálogo... vamos lá ver...
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