Devemos à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta deste mundo. Por Vítor Matos e Tiago Araújo
23 junho 2005
Mr. Dalloway
Henry Perowne disse que ele próprio compraria o peixe. Não é com esta frase mas é com este espírito que começa Sábado, o novo livro de Ian McEwan. A Clarissa Dalloway do século XXI é um homem e guia um Mercedes S 500 pelas ruas da moderna cidade de Londres. Não tem uma festa para preparar, apenas um jantar de família com sopa de peixe-anjo. A acção desenrola-se num único dia – como os livros fundadores do romance moderno (Ulisses, Mrs. Dalloway) – e por isso não é de estranhar que esteja cheio de descrições pormenorizadas de actividades do quotidiano ou que sobre muito espaço para reflexões sobre a condição humana nas sociedades contemporâneas. Escrito cerca de setenta e cinco anos depois do de Virginia Woolf, o livro não está atrasado, é uma actualização.
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