Devemos à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta deste mundo. Por Vítor Matos e Tiago Araújo
21 janeiro 2008
Quando éramos pequenos, o meu pai passava a noite toda a fumar, entre o telejornal e a novela brasileira. Os rolos de fumo iam-se espalhando da sala para o resto da casa, como uma ondulação. Durante a noite filtrávamos o ar com os pulmões. Lembro-me também das visitas ao pediatra. Quando entrava, acompanhado pela minha mãe, o consultório estava envolto em fumo e o médico dava a consulta de cigarro da boca. «O que é que tem o miúdo?» «São os pulmões, sr. doutor. Está com uma tosse de cão.» Fumava-se sem culpa. Até os Radio Macau faziam boas letras sobre fumadores (Vai-se o tempo desfiando em anéis de fumo baço.) Ah, os bons velhos tempos. Sempre que me dá a nostalgia, dá-me também vontade de acender um cigarro, inclinar a cabeça para trás e libertar o fumo devagar. Um cigarro imaginário, para um fumador imaginário.
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5 comentários:
É como depois do sexo. Nos filmes, há sempre alguém que acende um cigarro a seguir. Se o fumo não me incomodasse tanto, faria o mesmo.
Também me lembro desse fumo todo na sala. Desde os dez anos que sou asmática.
Olá, Cláudia! Curioso, eu deixei de ter ataques de asma poucos anos depois de o meu pai deixar de fumar. Até lá, também vivia no nevoeiro. Ou então passava as noites na cozinha, a ver a minha mãe a lavar a loiça (que era um processo demorado, tendo em conta que era tudo a multiplicar por 9)enquanto fazia os deveres.
Já eu, sempre que tinha sexo, toda a gente no bairro fumava um cigarro.
bem! O rapaz só queria falar da corelação entre fumar em casa e os problemas de asma...agora vem para aqui malta fazer correlações entre comportamentos do estilo faço sexo a seguir fumo...assim não dá...
:))
ps:Eu não fumo, mas faço sexo
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