Com a mudança de casa decidimos ficar sem televisão por uns tempos. A decisão tem resultado parcialmente. Tenho lido mais, mas ainda não consegui abandonar o hábito do zapping compulsivo. Ontem fui até à estante dos livros só para ver o que é que estava a dar. No primeiro estava a dar a novela brasileira (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Cubas Brás). Mudei para outro: Durante o dia, e por consideração para com os pais, Gregor não queria chegar à janela. Nos poucos metros quadrados do quarto também não podia deambular muito, ficar deitado sem se mexer era coisa que nem de noite já suportava muito bem, passado pouco tempo a comida já não lhe dava grande prazer, e assim, para se distrair, ganhou o hábito de rastejar em todas as direcções pelas paredes e pelo tecto. Não era mau, mas nunca se sabe se está a começar uma coisa melhor noutro canal. Mudei e Mrs. Dalloway tinha ido comprar ela própria as flores. As séries inglesas de época são demasiado aborrecidas e por isso desisti e fui-me deitar.
A noite de hoje vai ser diferente, vou pôr uma cadeira frente à máquina de lavar e fazer zapping entre o programa da roupa clara e o programa da roupa delicada.
3 comentários:
A grande vantagem do zapping da estante ou da máquina de lavar é que ainda não inventaram nenhum comando. Temos sempre de nos levantar para mudar de canal. Ou então, como fazia o meu avô com uma destreza de mestre, arranjar uma cana que chegue ao aparelho.
Os sintomas de carência e de ressaca são tramados, não é? Experimenta ouvir a Rádio Renascença ao serão, assim como fosse uma espécie de metadona abençoada...
Engraçado, sempre pensei que a minha cana era a única que chegava ao aparelho...
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