Estou a ler o Everyman (Todo-o-Mundo) de Philip Roth. É um livro sobre a decadência física, a doença e, também, sobre a ilusão da reforma como período para a concretização de projectos adiados. Eu já tenho alguns, apesar da distância: ler os restantes seis livros de Em busca do tempo perdido, aprender a tocar saxofone e a pintar. Mas não podemos saber se a nossa qualidade de vida vai ser adequada aos nossos planos. A minha visão pode não ser suficiente para toda a leitura desejada, as mãos podem tremer-me demasiado para a pintura e o fôlego pode não chegar sequer para um apito de caça. Este fim-de-semana tive uma amostra do que me pode esperar. Estive com uma constipação masculina.* Ou seja, às portas da morte: febre altíssima (chegou aos 38,1º), tosse, prostração, conjuntivite e herpes labial. As sete (cinco) pragas do Egipto. A médica receitou-me anti-inflamatórios, quando é óbvio que a situação requeria internamento hospitalar. Não consegui ler mais do que uma página do meu livro e (felizmente) assistir a mais do que dez minutos dos filmes de fim-de-semana. Já estou a recuperar e a trabalhar, graças à paciência da J. Podem, no entanto, enviar os típicos bombons da convalescença para a morada habitual.
*Encontrei há uns tempos, no blogue da Cláudia, um vídeo que explica bem o fenómeno. Incompreensivelmente, em tom humorístico.
1 comentário:
Esqueceste-te de mencionar as outras duas pragas: o agravamento do zapping impulsivo e um fenómeno de repetição da interjeição «aaaaii» para além do socialmente aceitável.
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