21 agosto 2006

Dizem que a solidão não se cura com comprimidos. Isso contraria a minha tese (de que já tratei aqui) sobre a relação entre os reformados e os centros de saúde. De um modo geral, os reformados têm tendência a juntar-se a outros reformados – num fenómeno semelhante ao das gotas de mercúrio – em lugares como centros de saúde, filas de minipreço e balcões da Caixa Geral de Depósitos. Este facto, pouco estudado, contribui para o défice do sistema nacional de saúde e para um gasto excessivo em cadernetas CGD, sempre perfeitamente actualizadas. O senhor doutor receita gotas para os olhos, cremes para a espondilose, ampolas para as diabetes, quando para alguns casos bastaria um baralho de cartas. 7h30 da madrugada, senha 31.

5 comentários:

Tiago Araújo disse...

Há posts que nos arrependemos de ter escrito logo após os termos publicado. Este, por exemplo, prova apenas que cada geração é incapaz de compreender os problemas das outras e que o autocomentário é uma actividade ridícula.

Anónimo disse...

... e que com a idade as opiniões dos Homens vão abrindo o pisca para a direita?

Tiago Araújo disse...

Pelo contrário. Apenas que não devemos aproveitar todas as ideias para posts. Especialmente quando não concordamos com elas.

(Ou o pisca para a direita era um autocomentário teu?)

Anónimo disse...

Confesso que me criaste algum desconforto com a tua observação entre parênteses. Mas, depois de meditar um pouco, cheguei à conclusão que se voltarmos à direita, percorremos uma circunferência e acabamos por ir parar novamente à esquerda. Fiquei mais descansado. Mas igualmente desconfortado.

Tiago Araújo disse...

A geometria descritiva não é, de facto, uma ciência muito reconfortante.