26 abril 2006

Esquerda ou direita, is that the question?


Martim Avillez Figueiredo diz hoje no editorial do Diário Económico que Cavaco foi ao Parlamento “fingir um discurso à esquerda”. Martim tem razão – parcialmente –, quando o PR responsabiliza mais do que o Estado pela justiça social. Mas ele não pede menos Estado. Exige um esforço suplementar de responsabilização social de cada cidadão.

Apesar de pedir para que se esqueçam as ideologias, Cavaco não tem um discurso assim tão próximo dos liberais. Está umas vezes mais perto da direita tradicional, mais assistêncialista ou caritativa; ou de alguma esquerda católica, como António Guterres, apesar de há 10 anos Cavaco ter assumido que o Rendimento Mínimo era um subsídio à preguiça.

Num exercício que corre o risco de parecer muito a preto e branco, podíamos interpretar o discurso do PR assim:

Esta frase de Cavaco, uma lapalissada podia ser dita por alguém do CDS até ao BE:
O risco de pobreza persistente, que é relativamente elevado em Portugal, aumenta substancialmente no caso dos idosos

Neste caso, o PR coloca a sua voz claramente à esquerda, do tipo, os ricos que paguem a crise. Mas também pode ser vista à direita, para se diferenciarem as prestações, tratando-se de forma diferente o que não é igual:
“O esforço que o Estado tem vindo a realizar para atenuar os efeitos deste quadro social tem de ser continuado. Não é moralmente legítimo pedir mais sacrifícios a que viveu uma vida inteira de privação”

Aqui, ao apelar à solidariedade na estrutura tradicional da família, quem fala é Cavaco, o católico, que vai à missa todos os domingos aos Salesianos em Campo de Ourique. É a falta de comparência da família que deixa os idosos à mercê das pequenas pensões estatais:
“Desagregadas as estruturas familiares de apoio, pelas transformações sociais ocorridas nas décadas recentes, ficaram muitos dos reformados de ontem confinados às pensões do regime não contributivo que não lhes conseguem assegurar uma existência condigna”

Finalmente, pede mais responsabilidade social, pragmatismo na resolução dos problemas, mas não pede menos Estado. Diz apenas que não chega exigir mais Estado:
Para que esse risco possa ser atenuado não chega exigir mais medidas ou mais dinheiro. Concretizar essa ambição de justiça social, que não tem de ser remetida para o plano das utopias, passa por cada um de nós. Todos somos responsáveis, todos temos de assumir a nossa quota parte de responsabilidade social que nos cabe como cidadãos

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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