Devemos à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta deste mundo. Por Vítor Matos e Tiago Araújo
19 setembro 2006
Quando saio de casa muito cedo fico sempre surpreendido com o número de pessoas que já estão acordadas, a trabalhar ou a caminho do trabalho. O que é para mim uma quebra de rotina, dolorosa e revigorante como um cálice de aguardente, representa o horário habitual de muita gente. E ainda assim, apesar de já haver movimento, as ruas têm uma calma inesperada, como se as pessoas tivessem demasiado sono para falar alto, guiar rápido ou andar depressa. Já é de dia, mas os candeeiros públicos continuam acesos. Já estou acordado, mas ainda estou a dormir.
06 setembro 2006
Ilusão estival
Quando as férias se aproximam, os dias ganham outro significado, como se em breve fosse ter todo o tempo do mundo para descansar e pôr toda a vida atrasada em dia. Pura ilusão.
05 setembro 2006
Está muito calor. Durante a manhã o sol bate numa parte da casa e temos de nos refugiar no fundo da outra. Durante a tarde volta-se para a parte da frente, e temos de iniciar nova travessia do deserto, com a garrafa de água na mão esquerda e a ventoinha na direita. As portadas estão quase sempre fechadas. A luz parece ter peso e estar a empurrá-las do lado de fora. Vemos os contornos da madeira definidos pelas frinchas. Durante a noite não arrefece. É como estarmos hospedados num hotel do sul da Ásia, mas sem podermos telefonar para a recepção a pedir cubos de gelo.
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