18 maio 2006

Cidade-Estado

É frequente encontrarmos em livros de história e de ciência política elogios ao sistema de autogovernação das colónias norte-americanas da Nova Inglaterra do século XVII, com descrições de town meetings onde se discutiam os assuntos da comunidade e se tomavam decisões de forma democrática e igualitária. Embora não nos apercebamos, existe em Portugal um equivalente contemporâneo, organizado em torno de uma unidade política denominada «Condomínio».
No prédio onde morávamos até há uma semana nunca constituímos condomínio, e por isso vivíamos num estado de natureza em que, por sorte, a vida nunca foi demasiado solitária, pobre, sórdida, selvagem ou curta. Com a mudança, estava à espera de passar algumas interessantes noites de Sábado a discutir com os outros condóminos a limpeza das escadas, as infiltrações no telhado e a manutenção dos animais domésticos. Mas, aparentemente, a especialização da política também chegou a estas microcidades-estado: o poder foi transferido para um pequeno leviathan, a que os aldeões chamam empresa de gestão de condomínios. A situação não é nova, não é a primeira vez que herdo um contrato social que não assinei.

4 comentários:

Anónimo disse...

Agora que já estavamos habituados às cuecas de Alfama é que nos fuzilam com pensamentos filosóficos! Bolas Tiago... Vitor, regressa. Estás perdoado!
:-)

Tiago Araújo disse...

Não perdes pela demora. O primeiro post após o regresso é apenas para dar um ar de seriedade. A partir daqui é só a descer. E, como sabes, lingerie também é um dos meus temas favoritos.

Anónimo disse...

Vítor, que quebra na segurança informática foi esta? Como é que um comentador do blog conseguiu colocar um post?

Tiago Araújo disse...

Ulisses não é reconhecido na sua própria casa após o regresso.