Devemos à conjunção de um espelho e de uma enciclopédia a descoberta deste mundo. Por Vítor Matos e Tiago Araújo
04 julho 2009
Tudo começou com o comentário de um amigo: «Então não sabem que os malucos devem ser postos em salas redondas?» Lembrei-me do João César Monteiro a correr no pátio circular de um manicómio, nas Recordações da Casa Amarela. A câmera de filmar no centro a acompanhá-lo, primeiro lento e depois com cada vez maior velocidade. Mais tarde, já em casa, lembrei-me também das ruínas circulares do conto de Borges, onde um homem acaba por perceber, no meio de um incêndio que o consome, que a sua vida não passa de um sonho sonhado por um outro homem. Os círculos tornam-nos autoconscientes, não nos deixam fugir de nós próprios. Provavelmente não é esta a justificação teórica. Em todo o caso, a frase soou-me como uma vaga ameaça: os malucos devem ser postos em salas redondas.
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