27 dezembro 2007

Nunca consegui perceber as ideias de Espinoza. É difícil ler mais de duas páginas de axiomas, proposições e postulados da Ética sem que a concentração se comece a dispersar para os desenhos do tapete, as rachas da parede ou os padrões da madeira do soalho (nalgumas tábuas, os nódulos e veios formam figuras mais ou menos humanas). A maioria das enciclopédias refere que tentou aproximar a filosofia moral da geometria. Talvez seja verdade, mas apenas para encobrir um profundo erotismo. Agora que fiz mais uma tentativa, numa leitura aleatória, descobri páginas e páginas que falam sobre corpos, o efeito de uns corpos sobre outros corpos. Continuo sem perceber, mas a gostar muito mais.

When the fluid part of the human body is determined by an external body to impinge often on another soft part, it changes the surface of the latter, and, as it were, leaves the impression thereupon of the external body which impels it. [Ética, Parte 2, Postulado 5]

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